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Sunday, September 05, 2004

Domingo, 5

Para não variar, levantar a meio da manhã, com a diferença que hoje o pequeno-almoço foi um croissant com manteiga de soja e um leite com chocolate. Como é domingo, o Philippe não vai trabalhar cedo e por isso o pequeno-almoço pode ser mais tarde e, pelo menos para eles, mais bem fornecido. Eu é que não gosto de comer muito logo de manhã.

Até ao almoço passei o tempo a ler e a escrever a entrada do blog para o dia anterior e decidimos fazer umas omeletes com queijo. Ou melhor, decidiu e fez o Tiago, porque eu só agora é que aprendi a fazer, vendo. Eu encarreguei-me das batatas fritas. Antes ele já tinha preparado massa para panquecas (outra coisa boa para fazer depois em casa) e aproveitou-se fritou-se (?) também as panquecas para comer em cima do almoço como sobremesa. Ou seja, o almoço foi bastante saudável: fritos e mais fritos. Pelo menos não destoámos da tradição belga que aparentemente investe em força nos fritos. Existem inclusivamente lojas por aí, chamadas Frituur, que vendem batatas fritas feitas no momento e mesmo outro tipo de fritos. Lá almoçámos, não estava nada mau e cerca de uma hora mais tarde seguimos viagem para Bruxelas.

Entrámos em Bruxelas pela zona do parque de exposições, local onde se realizou a Expo organizada pelos belgas nos anos 50. O monumento (se é que lhe posso chamar assim) que mais salta à vista é uma gigantesca molécula de ferro, com muitos metros de altura e largura, designada Atomium. Não fomos lá dentro, subir escadas nem andar de elevador mas visto cá de fora é de facto impressionante e bem bonito especialmente à noite (ver fotografias do dia no final deste texto). A nossa ideia foi deixar o carro no parque do Atomium, o que não ofereceu qualquer dificuldade, havia vários lugares disponíveis ao longo da avenida que vai dar ao Atomium propriamente dito. Daí apanharíamos o metropolitano, que tem uma estação mesmo ali ao lado para ir ter ao centro de Bruxelas, capital europeia.

Assim fizémos e a impressão com que fiquei assim que cheguei foram na verdade duas: primeiro, que Bruxelas não tem minimamente nada a ver com Amesterdão ou mesmo Antuérpia. Depois que, para capital Europeia, não está lá muito bem cuidada e há muita coisa algo degradante, como por exemplo a estação de metro da Central Station (dos comboios) onde nos apeámos para ir à Grand Place. Em termos de pessoas, o que mais se vê são marroquinos e vários mulheres com lenços na cabeça, de aspecto muçulmano. E enquanto em Antuérpia se fala muito holandês e inglês, aqui, apesar de se estar no coração da Bélgica, fala-se quase só em Francês. Inclusivamente as pessoas de Bruxelas têm bastante dificuldade em falar inglês, ao contrário do norte da Bélgica e Holanda onde falam perfeitamente o inglês. O sistema de metro de Bruxelas não é particularmente complicado. Existem quatro pontos de destino principais (ie. quatro finais de linha) pelo que não estamos propriamente a falar da complexidade do metropolitano de Londres ou Madrid. Foi simples perceber onde estávamos e onde queríamos ir. Mas tem no entanto uma particularidade que nunca vi em Lisboa. Quando chegámos a uma estação onde se dava o entroncamento com outra linha, ao voltar a andar a composição inverteu o sentido de marcha, voltando pelo mesmo sítio de onde veio! O truque está que logo à saída da estação a linha é desviada e então apesar da direcção ser mais ou menos a mesma, a linha em si não é igual. Mas acho que se fosse sozinho e o Tiago não me tivesse dito nada, ficaria com uma grande dúvida na cabeça.

Chegámos então à Central Station e atravessámos a pé o que para mim é provavelmente a estação de metro mais degradada que já vi, bem mais do que qualquer uma em Lisboa. Muita gente a pedir, os túneis bastante sujos, enfim, nada a ver com Antuérpia ou Amesterdão. Fomos directos ao centro, a pé, passámos também aqui por inúmeros restaurantes e pastelarias com esplanada e o que mais vimos foram as famosas waffles belgas com milhões de acompanhamentos diferentes, desde morangos e chantilly, passando por chocolate quente até simples açucar. Chegámos à famosa Grand Place e o cenário, em termos de monumentos que a circundam é majestoso. No centro estava a decorrer um festival de cerveja, com várias barracas para os clientes provarem inúmeros tipos e marcas de cerveja, alguns deles em copos extremamente originais que também podiam ser adquiridos em barracas montadas para o efeito. Mais adiante, numa das ruas que saem da Grand Place vimos então o famosíssimo puto a mijar, o Manneken pis. O Tiago já me tinha alertado que não era nada de especial, e de facto não posso deixar de dizer que foi uma desilusão. Quando se esperaria ver uma estátua de tamanho razoável, do puto a fazer alegremente a necessidade fisiológica no meio de um considerável largo, não. O puto é minorca (não é maior que uma puto de verdade) e está escondido numa esquina. Não fosse os turistas que se aglomeravam para ver, provavelmente passar-me-ia despercebido. Mas nem tudo foi mau! O puto hoje estava vestido, com um uniforme que não faço ideia o que seja mas suponho que nem sempre seja assim, pelo que se calhar acabei por ter alguma sorte. Tirei algumas fotografias e seguimos então o nosso passeio.

Logo de seguida, vimos uma loja que o Tiago me informou ter sido onde comprou uma t-shirt há quinze dias, numa loja de recordações (que vende especialmente camisolas) na esquina de uma rua do centro de Bruxelas. Entrámos e acabei por comprar uma sweat shirt muito gira com um desenho estilizado do dito puto. Não foi particularmente cara e acho-a bastante gira e minimalista, no fundo, pelo que acho que fiz um negócio razoável e fico com uma recordação engraçada de Bruxelas. Começava então a aproximar-se a hora de voltar para o Atomium, junto ao qual está também o IMAX (cinema) que afinal de contas era a razão da nossa vinda a Bruxelas. Mas antes não queríamos ir ver o filme sem comer mais nada. A minha ideia era comer uma waffle, para experimentar as verdadeiras waffles da Bélgica mas acabei por optar por um gelado no quiosque australiano, onde também vendiam waffles. Isto porque a fritura toda do almoço tirou-me o apetite por muitas e boas horas e sentia que o gelado seria mais leve. Escolhi uma bola com sabor a Praliné/Hazelnoot e não era mau. O problema é que o Tiago comprou uma waffle só com açucar por dentro, eu provei e fiquei por minutos a rogar pragas a mim mesmo por ter optado pelo gelado. Aquilo é mesmo bom. Memorando para o futuro: provar sempre o que é típico do país onde estou.

O tempo começava a escassear e a viagem de regresso no metro demoraria ainda cerca de 20 minutos. Metemo-nos a caminho, tivemos de esperar ainda uns 10 minutos pela próxima carruagem na estação central que nos levasse para o ponto de partida no Atomium. Ainda tive de ir ao carro buscar os oculos e qualquer coisa para vestir (esqueci-me do casaco por isso a sweat shirt nova tinha de servir se fosse preciso) e comprámos os bilhetes, faltavam 5 minutos para começar o filme. O IMAX é uma sala à parte (até pelo preço dos bilhetes, 10 euros cada um...) e para lá nos dirigimos. De facto, o tamanho do ecrã assim que entrámos é qualquer coisa de impressionante. São metros e metros de tela. A sala é extremamente íngreme, numa configuração bastante diferente das salas convencionais e procurámos um lugar mais de topo e ao centro. Assim que começa a demonstração do IMAX, ficámos imediatamente a delirar. Todo aquele ecrã com imagem projectada é maravilhoso e uma experiência única. Infelizmente, o balde de água fria veio logo a seguir quando a projecção do filme propriamente dito estava afinal num vulgar 16:9 widescreen (talvez 2.35:1?) que não aproveitava uns 3 metros por cima e por baixo. Mesmo assim, a maneira como o sala está feita permite-nos estar mesmo "dentro" do filme e apesar de não ter sido IMAX no seu esplendor total, já não foi nada mau. O filme em si foi o "Spider-Man 2" que embora não tivesse sido nenhuma obra-prima da sétima arte, é quanto a mim, e sendo um filme baseado num herói de banda desenhada, bastante bom.

Após o filme regressámos a casa, em Schoten, via E19 como habitualmente, não sem antes parar logo ali no topo da avenida do Atomium para tirar uma fotografia à noite, com a iluminação, e que também consta das fotografias do dia. Regresso a casa sem qualquer tipo de confusão desta vez, para passar cerca de uma hora a ler mais um pouco do "Ghost Rider" e do livro do Mourinho. Parece que já há um livro novo, escrito pelo mesmo tipo, pelo que estou em pulgas para regressar a Portugal, comprá-lo e bebê-lo todo de uma só vez. E será já terça-feira que regresso às agruras do dia-a-dia, na pátria-mãe, bem cedo.

Amanhã, segunda-feira, jantar em Antuérpia com um dos meus mais antigos conhecidos do #champman na EFnet, o Yalcin e fazer as malas para o regresso a Portugal, com saída de casa marcada para cerca das 5 da manhã, ugh.

PS - Uma nota para a minha prima Célia que hoje (se tudo correu como planeado!) se casou. Ela tinha-me convidado para o casamento mas esta viagem inviabilizou esses planos. Espero que tudo lhes corra bem, que se dêem sempre bem (ou quase sempre) e que, no fundo, possam ser felizes. Parabéns!




Atomium

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